quinta-feira, 24 de março de 2016

O golpe frio e a mudança de governo nos EUA

Me parece que a pior coisa que poderia ter acontecido a João Goulart foi o assassinato de John F. Kennedy em 1963 em Dallas. Conforme escrevi anteriormente, em análise do documentário Brazil: Troubled Land, exibido em junho de 1961 pela rede de televisão norte-americana ABC, o governo Kennedy parecia querer buscar uma solução pacífica e institucional para a crise política que se instalava no país na primeira metade da década de 1960 e dividia os brasileiros em pró e anti-Jango. No entanto, Kennedy foi assassinado e substituído por seu vice, o falcão de guerra Lyndon B. Johnson.

Trump vai vencer e ajudar o Brasil... a ficar sem o pré-sal.
Em novembro, os EUA elegerão seu próximo presidente e o governo Dilma deve estar atento para o resultado do pleito, afinal, o Brasil passa por cenário similar ao de 1964. Jeb Bush, cujo irmão George era amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não está mais na disputa. Perdeu espaço para a direita neoconservadora que deseja aplicar, no governo federal, a agenda anti-pobres que já defende no Congresso. Eles são financiados pelos ultraliberais Irmãos Koch que, segundo o pesquisador Michael Fox, também financiam grupos pró-impeachment no Brasil como o MBL.

A empresa que herdaram do pai, a Koch Industries, desenvolveu a tecnologia para refinar o petróleo cru pesado e possui interesse direto no Brasil do pré-sal e em qualquer outra nação com grandes reservas de petróleo. A eleição de um republicano, seja ele quem for, significa a adoção pelo Pentágono da política externa intervencionista dos Irmãos Koch. Até mesmo de Donald Trump, que afirma ser auto-financiado e que não vai adotar a agenda política dos milionários, mas que é um milionário ele mesmo com ações na Chevron. O discurso dos republicanos é tão alinhado com os anti-Dilma que já teve até faixa dizendo "Trump win and help Brazil" em protesto.

No lado democrata da disputa, no entanto, temos a liderança da ex-secretária de Estado e ex-primeira-dama Hillary Clinton. Em seu livro mais recente, Hard Choices, de 2014, Clinton elogiou o intelecto e a determinação de Dilma. Antes disso, em 2012, afirmou que Dilma estabeleceu um padrão mundial na luta contra a corrupção. No entanto, Hillary Clinton também é reconhecida pelos próprios americanos como uma falcoa de guerra. Foi durante seu período no Departamento de Estado que houve a intervenção na Líbia e que a retórica anti-diálogo dos Estados Unidos levou à guerra civil na Síria. Além disso, ela tem uma reputação de mudar de opinião a cada dois anos em assuntos importantes.

O fato é que, conforme foi desenvolvida historicamente, a democracia americana necessita do imperialismo para elevar a qualidade de vida de seus cidadãos. Bernie Sanders é o único candidato que promete elevar o padrão de vida dos americanos não através da expansão econômica via força bruta, mas sim através da regulação da renda dos mais ricos, em especial dos especuladores — pelo menos num primeiro momento. É por isso mesmo que ele é considerado um outsider e é motivo de chacota na grande mídia. O jeito é esperar para ver se, assim como o governo Jango, a continuação do Governo Dilma depende da troca de inquilino na Casa Branca.

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